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A ver baleias na Patagónia Argentina

A ver baleias na Patagónia Argentina

América do Sul, Argentina, Viagem

Puerto Madryn é uma cidade na costa atlântica da Patagónia argentina, com cem mil habitantes. Fica numa zona que recebeu muitos imigrantes do País de Gales e ainda hoje tem casas de chá com nome galês, que vendem bolos típicos daquele país britânico. A principal atracção da região é a espantosa fauna marinha que escolhe esta região para se reproduzir, em particular a baleia franca austral e o pinguim de Magalhães. E a época do ano em que viemos era perfeita para observar uns e outros.

Na Argentina, temos tido um problema com os preços. A inflacção é altíssima (40% só neste ano, disseram-nos), pelo que os preços que vêm no nosso guia Lonely Planet de 2013 estão muito desactualizados. Já encontrámos coisas ao triplo do preço que vinha no guia. Na alimentação, temos trocado os restaurantes pela cozinha dos hostels. Mas, para visitarmos estes animais, tivemos mesmo de abrir os cordões à bolsa. Não podíamos desperdiçar esta ocasião única. A única economia que conseguimos fazer foi alugar um carro por dois dias, em vez de ir em tours organizados, que ficariam ao dobro do preço.

Mapa Península Valdéz Patagonia Argentina
Mapa da fauna da Península Valdés

Escolhemos começar pelas baleias, por isso fomos explorar a Península Valdés. Logo à saída da cidade, vimos um rapaz a pedir boleia. Não parei de imediato, já não estamos habituados a dar boleia em Portugal. Mas rapidamente mudámos de ideias, e recuei para fazer entrar o Thibaux, um francês de 21 anos. Tinha estado a fazer um estágio numa quinta de vinhos em Mendoza, e aproveitava agora para viajar pela Argentina, antes de retomar a universidade em França. Foi uma companhia impecável e tinha um jeitão para os miúdos.

Fomos primeiro até Puerto Piramides, ponto de partida para os passeios de barco para avistamento de baleias. Entrámos em todas as agências para comparar preços, mas era tudo igual. Escolhemos a Hydrosport e tivemos uma experiência fantástica.

Primeiro passaram por nós uns pinguins a nadar, depois vimos um grupo de lobos-marinhos amontoados na costa. Foi então que apareceram as baleias, dois pares de mãe e cria, mesmo junto ao nosso barco. Vê-las a nadar tão perto de nós já era uma emoção, mas uma das crias ainda nos brindou com uma sequência de saltos para a água que tão cedo não esqueceremos. Ora vejam o vídeo:

Como já estávamos a meio da tarde, não ia dar tempo para fazer o percurso completo em torno da Península. Fomos directos a Caleta Valdés, onde havia uma pinguineira. Pelo caminho de cascalho, que nos obrigava a ir devagar, vimos guanacos, avestruzes e tatus.

Chegámos então ao grupo de pinguins, umas dezenas, que por ali tinham feito o ninho. Muitos conseguem voltar, ano após ano, ao mesmo ninho. Os pinguins de Magalhães foram descobertos em 1520, na expedição de Fernão de Magalhães. São uma espécie monógama, têm o mesmo par durante toda a vida. Estar tão perto deles e ouvir o seu grito de acasalamento e demarcação de território (lembra vagamente um burro a zurrar) foi uma nova emoção, mesmo sabendo que amanhã estaremos numa colónia muito maior.

Ainda vimos um grupo de elefantes-marinhos, no fundo de uma colina, e pareceu-nos ver os saltos de uma orca no mar, ao longe. O guarda-florestal confirmou que as orcas andavam por ali. Mas já estávamos cansados e de “barriga cheia”, por isso fechámos as hostilidades e regressámos a Puerto Madryn, onde nos despedimos do Thibaux.

 

Informações úteis:
– Entrada na Península Valdez: 330 ARS (até 5 anos não pagam). Pelo carro paga-se 20 ARS.
– Passeios de barco para avistamento de baleias em Puerto Piramides: 1150 ARS adultos, 600 ARS 4-12 anos, até 3 anos não pagam. Todas as agências têm os mesmos preços.
– Dentro da Península, o piso não permite ultrapassar os 50-60 kms/h. É melhor contar com 4 horas para dar a volta completa.

Sobre o autor

Tradutor, cronista da nostalgia no Observador, pai de família e apaixonado pela América Latina

1 Comentário

  1. Rita Caeiro
    17 Outubro, 2016 às 7:14 pm
    Responder

    Fantástica viagem e fantástica crónica. Infelizmente não muito assídua na leitura estive agora a fazer uma leitura exaustiva da mesma. Familia linda com uma viagem que fica para a história de todos. Muito obrigado. Estou cheia de inveja…..
    Beijinhos
    Rita Caeiro

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