Parece mentira, mas já passou um ano desde o dia em que partimos para a nossa viagem de sonho pela América do Sul.
Um ano depois, continuamos a ter muito para contar quando nos perguntam como foi a viagem. Ainda é frequente encontrarmos amigos com quem ainda não tínhamos estado. E parece que nos dá cada vez mais gozo e nostalgia recordar os episódios. Ainda acredito que vou escrever aqui no blogue os posts sobre todos os sítios por onde passámos. Ainda quero agarrar a oportunidade de escrever um livro sobre isto tudo.
Um ano depois, reencontrámos a Dai e o Rodrigo, nossos anfitriões no Misfit Hostel, na praia de Máncora (Peru), que agora abriram uma loja de artesanato em Fátima. Conhecemos a Daniela e o Tiago, que percorreram a América de bicicleta e com quem fomos comunicando em viagem. Conhecemos a queridíssima Joana do Viajar em Família. Viajar abriu-nos novas amizades. E mantemo-nos em contacto com todos os amigos que visitámos ao longo da viagem; ainda esta semana o Portugal-Chile deu azo a troca de piropos no Whatsapp.
Um ano depois, os miúdos ainda se lembram de muita coisa e pedem para ver as fotografias. Ainda se lembram do nome das crianças amigas que visitámos. A Luísa muito mais do que o Manel, já sabíamos que ia ser assim. Ainda ouvimos no carro o CD que gravámos com o reggaeton e outras latinices que passavam por aquelas bandas. Ainda brincamos a falar espanhol com eles de vez em quando, só mesmo por diversão, não a pensar no seu futuro sucesso profissional (credo!).
Um ano depois, a Luísa está a viver os últimos dias de infantário e começa em Setembro a escola primária. Aterrou, com o ano a decorrer, numa turma onde não conhecia tantos meninos, mas integrou-se bem. O Manel está um miúdo despachado e falador, com uma paixão por ouvir histórias e fazer teatros. Ela fez ballet e ele fez natação, nenhum deles com grande entusiasmo.

Um ano depois, a vida voltou ao normal. A Maria arranjou trabalho numa clínica de hemodiálise e passou a fazer mais domicílios de enfermagem; não tem a “pica” que lhe dava o hospital (embora seja um trabalho à base de picas), mas não trabalha à noite nem aos domingos, o que vale muito. Eu continuo como tradutor e sócio da Trustlation, preparo um programa semanal de entrevistas na Rádio Sim e voltei a escrever para a secção Nostalgia do Observador. Ambos trabalhamos mais horas do que gostaríamos (quem não?), mas temos a sorte de fazer o que gostamos e de gerir razoavelmente os horários.
Um ano depois, continuamos a não ter resposta quando nos perguntam onde vai ser a próxima aventura. Fomos passar um fim-de-semana a Amesterdão em Março e as restantes férias do ano vão ser passadas pelos caminhos de Portugal. Queremos voltar a partir de mochila às costas, mas não sabemos quando. Até porque…
Um ano depois, vamos deixar de ser quatro e passar a ser cinco, se Deus quiser, lá para meados de Dezembro. Esta, sim, é a melhor viagem que podemos fazer.